“Ficamos 2x maiores em 10 anos”
O presidente afirma que sem a participação dos cooperados que acreditaram e até hoje se mantêm fiéis ao sistema, a região não teria alcançado o desenvolvimento econômico-social e a atividade agrícola não seria a mesma
No dia 17 de maio, último domingo, iniciamos o ciclo dos 61 anos de fundação da Coopermota. Desde a comemoração do seu cinquentenário, em 2009, a cooperativa registrou um salto de crescimento considerável. Dobrou o número de unidades e de sua capacidade de armazenamento, expandiu sua atuação para o setor de postos de combustíveis, ampliou em 2x o número de funcionários em atuação e aumentou em quase 50% o quadro social de cooperados.
Aos 50 anos, em 2009, a Coopermota possuía uma fábrica de ração animal e oito unidades de negócios distribuídas no Vale do Paranapanema. Tais unidades estavam instaladas nos municípios de Cândido Mota, Palmital, Ibirarema, Campos Novos Paulista, Ribeirão do Sul, Ipaussu, Iepê e Assis. Sua capacidade estática de armazenagem era superior a 100 mil toneladas de grãos. Atualmente, mantém 18 unidades de negócios, com uma abrangência de atuação nas regiões da Alta Paulista, Sudoeste Paulista, Médio Paranapanema e Pontal do Paranapanema, além do norte do Paraná. Nestes 10 anos, passou a atuar nos municípios de Santa Cruz do Rio Pardo, Piraju, Santa Mariana (PR), Maracaí, Presidente Prudente, Teodoro Sampaio, Paraguaçu Paulista, Rancharia, Tupã e Bandeirantes. Mantém 12 silos, em um total de capacidade de armazenagem superior a 250 mil toneladas, o que representa quase 100% de aumento da capacidade de recebimento durante o período da última década.
Continua com a fábrica de ração para alimentos de animais peletizados e extrusados, tendo a estimativa de inauguração de mais uma fábrica ainda neste ano, além de uma Unidade de Tratamento de Sementes, em Cândido Mota, e um Centro de Eventos com estrutura para festas e casamentos voltado prioritariamente para cooperados. Além disso, estendeu a sua atuação também para o setor de combustíveis, com postos em Cândido Mota, Palmital, Maracaí, Ribeirão do Sul e Campos Novos Paulista. “A cooperativa acompanhou as mudanças da região, mas também teve papel fundamental nos momentos de adaptação às realidades adversas, sempre proporcionando aos seus cooperados segurança e compromisso necessários para a manutenção da atividade. Assim, é possível afirmar que sem o espírito cooperativista dos associados que acreditaram, e até hoje se mantêm fiéis ao sistema, a região não teria alcançado o desenvolvimento econômico-social e a atividade agrícola não seria a mesma”, ressalta o presidente da Coopermota, Edson Valmir Fadel (Branco).
Tais transformações são decorrentes de uma história que se inicia em 17 de maio de 1959. Naquela oportunidade, um grupo de cafeicultores se sentia prejudicado na comercialização de suas produções frente às imposições das cerealistas atuantes na região. O café era a principal cultura do período e cerca de cinco cerealistas faziam a intermediação entre o produtor e o mercado. Foi deste descontentamento que nasceu a Cooperativa dos Cafeicultores da Média Sorocabana.
A sua fundação
Ao ser criada, mantinha na composição de sua primeira diretoria, aprovada em ata e registrada em cartório, o presidente Lázaro Inácio Dias, o diretor gerente, Waldo Antunes Ribeiro, o secretário, Joaquim Galvão de França e os conselheiros administrativos Gilfredo Boretti e Isaltino Bento Ribeiro. Para o conselho fiscal foram eleitos os produtores Francisco de Almeida, José Sanches Segura e Anastácio Rodrigues Gonçalves, tendo os suplentes Benedito Antônio, Nagib Elias e Geraldo Ciciliato. Eles assinam o documento de criação da cooperativa que registrava oficialmente naquela data o objetivo de “beneficiar, rebeneficiar, padronizar, vender e exportar a produção de seus associados, além de promover a defesa de seus interesses econômicos”. Embora não façam parte da composição da diretoria que fora formalizada em cartório, também estiveram presente na assembleia de constituição da cooperativa os produtores, Jair Ribeiro, Américo Garrido, Otavio Lino de Almeida, Benedito Antônio, João Prado Vilela, George Assef Haddad e Calil João, conforme ata registrada entre os documentos históricos da Coopermota. A criação da cooperativa contou com a subscrição de 5.545 quotas-partes, que totalizavam o valor de quinhentos e cinquenta e quatro mil e quinhentos cruzeiros (Cr$ 554.500,00).
Passados os primeiros anos de sua atuação, em 1963, a Coopermota firmou parceria com o Instituto do Álcool e Açúcar (IAA), que se propôs a fazer uma usina de açúcar em Cândido Mota. Para se enquadrar estatutariamente a esta iniciativa, passou a adotar a razão social de Cooperativa dos Cafeicultores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana de Cândido Mota Ltda. Neste período, muitos produtores de palmital se tornaram associados, mas com o início do regime militar, em 1964, os investimentos foram interrompidos e a iniciativa não teve andamento. Continuou com este nome por mais alguns anos, mas depois voltou a ser apenas cooperativa de cafeicultores e a manter a sua atuação nesta área.
Entre 1971 e 1973, além do café, que era cultura prioritária do período, a soja começou a ser produzida na região. Neste ano, a própria cooperativa chegou a exportar o grão, contando com parcerias de outras empresas para o recebimento da soja que seria comercializada. A oleaginosa chegou a ser depositada no silo da cooperativa de Holambra, em Paranapanema, e na Ceagesp, em Ourinhos. Diante dessa demanda de soja em crescimento, em março de 1973 foi inaugurado o primeiro silo da cooperativa. De acordo com memórias de funcionários do período, registradas em informativos da cooperativa, a primeira viagem de soja que entrou no silo I, em Cândido Mota, foi do produtor Fernando Peralles.
Em 1975, no entanto, houve uma geada muito forte na região, com termômetros registrando cerca de quatro graus Celsius negativos, em julho daquele ano. O fenômeno climático acabou com os cafezais da região e aos poucos a produção de café foi decaindo e deixou de ocupar o espaço de tamanha importância que até então possuía no Vale.
Nesta década, a cooperativa investia no seu plano de expansão, com a construção de silos nas cidades de Cândido Mota e Ipaussu, entre 1973 e 1975. A ampliação de atuação continuou em vigor nos anos seguintes, com a abertura de loja em Assis e Campos Novos Paulista, tendo ainda uma algodoeira e um supermercado entre seus empreendimentos, de acordo com registros documentados no Informativo Coopermota de 2001, em texto assinado por Éber Silva Júnior.
Em 1989, a cooperativa já possuía também unidades em Ribeirão do Sul e silo em Palmital. Nos anos seguintes, mais silos foram incluídos no patrimônio da Coopermota, sendo estes em Frutal do Campo e em Ibirarema. A atuação da cooperativa foi ampliada de maneira ainda mais expressiva em 1992, quando foi inaugurada a sua fábrica de ração, em Cândido Mota.
Dificuldades enfrentadas
Alguns fatores externos, no entanto, prejudicaram este processo de expansão, tendo alguns dos mais expressivos episódios, a forte geada de 1994 e a variação de alta do dólar em decorrência da implantação do Plano Real, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Silva Júnior relata a segunda metade da década de 1990 como um período muito difícil para todas as cooperativas do país, chegando a uma situação insustentável para a Coopermota em 1996. Com isso, naquela data foram fechadas as unidades de Assis, Campos Novos Paulista e Ipaussu, além da algodoeira e do supermercado. Metade dos funcionários foram demitidos e, em 1997, foi implantado um programa de “contenção de despesas”, com a contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a elaboração de um projeto que permitiria a adesão da cooperativa no programa do Recoop. A cooperativa recebeu parecer positivo para a participar do programa, o que a auxiliou na recuperação da situação financeira vivida no período, entre outras medidas adotadas naquela gestão.
Em texto publicado em 2001, Éber Silva Júnior afirma que a profissionalização do quadro de funcionários da cooperativa começou a ser intensificada em 2000, como uma das saídas encontradas para a busca de solução dos problemas ainda existentes. “Prova do sucesso neste objetivo é que a região foi novamente abatida por uma grande geada e desta vez a cooperativa conseguiu enfrentar esta dura realidade de forma mais estruturada, com a realização de uma Campanha de Sucesso na Safra Verão 2000, a qual concedeu vantagens aos produtores, com bônus e prêmios aos participantes”, lembra.
Em 2001, uma série de processos passaram a ser informatizados na cooperativa, como a criação do site da Coopermota, a implantação do sistema de operações e gestão, denominado de Cooperate, a instalação de sensores eletrônicos nas balanças para pesagem automática das cargas e de painéis eletrônicos nas unidades de negócios para a cotação de preços, entre outros.
Influenciada pela oportunidade e o incentivo do governo federal para o etanol como combustível para os carros flex, somados à alta do petróleo no mercado internacional, a Coopermota voltou a fazer estudos para a instalação de uma usina de açúcar e álcool em sua área de abrangência. Dados coletados junto ao Informativo Coopermota de março de 2006 denotam que naquele período, a diretoria da cooperativa entendia que a usina seria mais uma “oportunidade de negócio para o agricultor da área de grãos”, que poderia ter a cana como um incremento entre suas culturas. No entanto, os incentivos governamentais foram interrompidos nos anos seguintes e a iniciativa foi abortada.
Em meio às turbulências de crises na agricultura, no ano de 2006, centenas de tratores, caminhões e muitos agricultores bloqueavam as rodovias em reivindicação ao prolongamento de dívidas e a implantação de uma política de seguro de renda ao agricultor. A Coopermota apoiava tais iniciativas de mobilização dos produtores em torno de suas demandas.
Jubileu de ouro
Em 2009, ao completar 50 anos, um processo de “reculturação organizacional”, envolveu cooperados e colaboradores. A partir da contratação de uma consultoria externa, foram reavaliados alguns processos internos, com a implantação da avaliação de desempenho dos colaboradores, plano de carreira, programa de participação nos resultados e outros. Os cooperados foram ouvidos a partir de sugestões coletadas em reuniões de bairros.
Ainda no ano de seu cinquentenário, em discurso oficial da diretoria, a educação era defendida como a “melhor forma de melhorar a atividade dos produtores”. Para isso, destacavam-se os investimentos em eventos técnicos e a difusão de tecnologia aos agricultores. Realizavam-se cursos em parceria com outras instituições como o “Programa de Desenvolvimento e Capacitação Socioeconômica para Mulheres Cooperativistas”, realizado pela Coopermota com recursos do Ministério da Agricultura, o curso de “Auto-Gestão em Administração de Propriedade Rural e de Cooperativa”, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). Foi o início da intensificação das iniciativas que tinham como meta a profissionalização e a modernização da Coopermota verificada atualmente.
Jubileu de diamante
Em maio de 2020, a cooperativa começou a escrever a sua história para os próximos 60 anos, depois de comemorar intensamente o seu jubileu de diamante, no ano passado. Neste ano inteiro foram realizadas atividades alusivas à data. Foi em 2019 que a cooperativa passou a atuar também em Bandeirantes e fez mudanças estruturais na matriz, sob a poposta da atual da diretoria em melhorar o atendimento ao cooperado
“É hora de arregaçarmos as mangas para continuarmos trabalhando no início de um novo ciclo. O passo seguinte é nos esforçarmos para chegarmos até as nossas próximas bodas com números positivos e capital humano competente para alcançar patamares ainda mais expressivos à nossa cooperativa. Desde 2012, quando foi realizado o nosso primeiro planejamento estratégico, o qual foi renovado em 2016, estamos traçando as metas e nos organizando para atingi-las com categoria e até superá-las, quando possível. O nosso futuro é de crescimento, situação que vivenciamos há alguns anos, porém destacamos que a proposta é de um desenvolvimento sólido, capaz de suportar as adversidades”, enfatiza o presidente Edson Valmir Fadel.
Ele acrescenta que o cooperado tem feito a sua parte, dedicando-se em manter este patrimônio, que é dele, cada vez mais fortalecido e capaz de suportar situações de dificuldade, a exemplo do que ocorre neste ano, com a pandemia do Covid-19. “Momentos de incertezas comerciais e até sociais provocados pela pandemia trarão efeitos que ainda não podem ser mensurados, porém temos a meta de fazer este momento ser superado da melhor maneira possível. O cooperativismo tem se mostrado como um importante caminho para a superação dos impasses econômicos que surgem no decorrer de nossa história. Que possamos estarmos juntos e cada vez mais forte para definirmos as diretrizes e participarmos de uma agricultura pujante e formadora de uma sociedade mais justa, com impulsão a um desenvolvimento social e econômico mais equilibrado e em ascendência”, conclui.